Resultados e análises feitas por técnicos de empresas do setor elétrico serão enviadas ao Ministério do Trabalho com pedido de mudanças em normas

O uso obrigatório de máscara de proteção respiratória contra Covid-19 nos locais de trabalho com eletricidade traz risco à saúde dos trabalhadores. Essa foi a conclusão de um estudo do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP) apresentado durante live pela Animaseg – Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho. Os dados e análises dos técnicos que participaram do debate online serão encaminhados ao Ministério do Trabalho com o pedido de mudanças em normas sobre a segurança de trabalhadores que atuam em áreas com eletricidade.

De acordo com Marcio Bottaro, doutor em Aplicações de Tecnologia Nuclear e coordenador do Projeto Laboratório de Ensaios de Vestimentas contra Arco Elétrico (LEVe) do IEE/USP, “a recente obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção respiratória contra a Covid-19 nos locais de trabalho com eletricidade gerou grandes dúvidas entre os trabalhadores e os fabricantes de tecidos e vestimentas de proteção contra arco elétrico em relação a outros riscos de segurança decorrentes da falta de proteção térmica de muitas delas”.

“A preocupação motivou a realização do estudo para avaliar os efeitos térmicos do arco elétrico em diferentes tipos de máscaras de proteção respiratória, considerando a realidade de uso no trabalho com eletricidade e nas condições de controle e prevenção contra efeitos térmicos de arcos elétricos”, explicou Bottaro.

Coordenador da Comissão de Estudos Vestimentas de Riscos Térmicos (CE- 032:006.004) do Comitê Brasileiro de Equipamentos de Proteção Individual (CB-32) da ABNT, Bottaro contou também, durante o estudo, com Paulo F. Obase Engenheiro do IEE-USP, Cíntia Souza da Silva Engenheira Eletricista e Mestre em Prevenção de Riscos Laborais e de Segurança do Trabalho na Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais); e Antonio Carlos Castellar de Castro, engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho Engenharia da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco).

Apenas material térmico resistiu

O estudo analisou a reação de diversas máscaras e materiais diante do arco elétrico, que ocorre quando há uma ruptura dielétrica (isolamento elétrico), produzindo descarga. Também é chamado de arco voltaico ou curto-circuito, como é popularmente conhecido, esse fenômeno é tão forte que consegue romper o isolamento, conduzindo elétrons de um eletrodo ao outro através de um fluxo de corrente.

Pela análise apresentada pelos especialistas, materiais mais comuns nas máscaras caseiras tiveram um resultado preocupante. Além de não manterem a fixação, essas máscaras incendiaram, o que causaria queimaduras em seus usuários. Algumas chegaram também a derreter.

“Apenas aquelas que eram feitas com material térmico mostraram eficiência”, disse Bottaro. “Essas mantiveram a fixação e ficaram intactas após a ocorrência do arco elétrico”.

A pesquisa usou manequins para simular a utilização das máscaras.  E mesmo quando equipadas com aquelas produzidas com material térmico, lembrou o engenheiro, tiveram queimaduras nas áreas não cobertas. “As máscaras exigidas no combate à Covid-19 cobrem a boca e o nariz, quando muito o queixo. Os olhos, testa e cabelos ficam expostos”, lembrou.

Na segunda etapa, os técnicos usaram protetores faciais nos manequins. “Nesse caso a eficiência foi muito maior, pois todo o rosto ficou protegido”. Mesmo diante dos resultados, Bottaro entende que o uso das máscaras contra Covid-19 não é adequado. “Fizemos o estudo com a ocorrência do arco elétrico na frente dos manequins, mas sabemos que existem casos em que a pessoa é atingida do lado. E ai nem mesmo os protetores faciais serão eficientes.”

Para o diretor executivo da Animaseg, Raul Casanova, o estudo do IEE/USP traz informações importantes para o avanço na segurança dos trabalhadores em ambientes com eletricidade. “Vivemos um momento crítico com a pandemia, mas também temos a oportunidade de enfrentar problemas que não tivemos condições anteriormente”, disse ao final do evento. “Mas agora podemos nos aprofundar nesse estudo e promover mudanças na proteção desses trabalhadores”, afirmou o dirigente que também é Superintendente do CB-32.

(Fonte: Revista Cipa)

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