{"id":2027,"date":"2021-01-29T18:41:18","date_gmt":"2021-01-29T21:41:18","guid":{"rendered":"https:\/\/playcipa.com.br\/?p=1478"},"modified":"2021-01-29T18:41:18","modified_gmt":"2021-01-29T21:41:18","slug":"um-em-cada-tres-professores-tem-trabalho-limitado-por-disturbios-de-voz","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/playcipa.com.br\/um-em-cada-tres-professores-tem-trabalho-limitado-por-disturbios-de-voz\/","title":{"rendered":"Um em cada tr\u00eas professores tem trabalho limitado por dist\u00farbios de voz"},"content":{"rendered":"\n

O Brasil tem cerca de 1,4 milh\u00e3o de professores em atua\u00e7\u00e3o no ensino fundamental, de acordo com o Censo Escolar da Educa\u00e7\u00e3o B\u00e1sica de 2019. Embora a preocupa\u00e7\u00e3o com a sa\u00fade desses profissionais, a pandemia do coronav\u00edrus elevou a aten\u00e7\u00e3o sobre o tema. E a principal queixa da categoria diz respeito \u00e0 voz \u2013 ou \u00e0 falta dela.<\/p>\n\n\n\n

Tese defendida no Programa de P\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em Sa\u00fade P\u00fablica da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) mostra que um em cada tr\u00eas professores relata limita\u00e7\u00e3o no trabalho por dist\u00farbios vocais.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisa usa como refer\u00eancia o estudo Educatel Brasil: an\u00e1lise dos condicionantes de sa\u00fade e situa\u00e7\u00e3o do absente\u00edsmo-doen\u00e7a em professores da educa\u00e7\u00e3o b\u00e1sica no Brasil, desenvolvido em 2015 e 2016 pelo N\u00facleo de Estudos Sa\u00fade e Trabalho (Nest).<\/p>\n\n\n\n

Com base em amostra de 6.510 professores, a fonoaudi\u00f3loga e autora da tese, B\u00e1rbara Antunes Rezende, constatou que os educadores brasileiros est\u00e3o expostos a condi\u00e7\u00f5es de trabalho inapropriadas. Um ter\u00e7o dos entrevistados relatou preval\u00eancia de ru\u00eddo elevado nas escolas no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com Rezende, a percep\u00e7\u00e3o de limita\u00e7\u00e3o das atividades docentes devido ao dist\u00farbio da voz foi mais frequente entre professores que usavam medicamentos ansiol\u00edticos ou antidepressivos, que perdiam o sono por preocupa\u00e7\u00f5es ou que relataram alta exig\u00eancia no trabalho e viol\u00eancia verbal praticada pelos alunos.<\/p>\n\n\n\n

A preval\u00eancia de ru\u00eddo intenso nas escolas brasileiras tamb\u00e9m foi muito mencionada pelos professores, principalmente os de escolas localizadas na regi\u00e3o urbana e onde os alunos eram mais de 30. Profissionais que atuavam em mais de um segmento de ensino e que relataram piores condi\u00e7\u00f5es organizacionais do trabalho tamb\u00e9m se disseram prejudicados.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora acredita que os achados de seu estudo podem contribuir para a elabora\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas. Ela lembra, ainda, que o Dist\u00farbio de Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT) foi inclu\u00eddo, neste ano, na lista de doen\u00e7as ocupacionais. \u201cTrata-se de um avan\u00e7o, porque o professor que adoece devido a condi\u00e7\u00f5es desfavor\u00e1veis no ambiente de trabalho passa a ter respaldo legal\u201d, diz.<\/p>\n\n\n\n

Estrat\u00e9gias<\/h2>\n\n\n\n

Segundo ela, existem projetos focados na sa\u00fade do professor, com estrat\u00e9gias individuais, como a capacita\u00e7\u00e3o para cuidados com a voz, e coletivas para evitar o adoecimento.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs resultados da tese ampliaram os esclarecimentos sobre as condi\u00e7\u00f5es de trabalho e as limita\u00e7\u00f5es que os problemas de voz podem acarretar na pr\u00e1tica docente. O adoecimento n\u00e3o deve ser analisado apenas no aspecto individual. \u00c9 necess\u00e1rio olhar para o contexto social e do trabalho e elaborar estrat\u00e9gias para redu\u00e7\u00e3o do ru\u00eddo nas escolas e na constru\u00e7\u00e3o ou reforma das unidades de ensino que levem em conta esse aspecto\u201d, afirma Rezende.<\/p>\n\n\n\n

 <\/strong>Al\u00e9m disso, ainda que o estudo Educatel revele condi\u00e7\u00f5es de trabalho baseadas em dados coletados em 2015 e 2016, a pesquisadora diz que a literatura sobre o tema n\u00e3o tem indicado avan\u00e7os ao longo do tempo. Pelo contr\u00e1rio, os profissionais est\u00e3o enfrentando novos desafios, como lidar com problemas familiares de alunos e as pr\u00f3prias mudan\u00e7as do ensino presencial para a modalidade remota devido \u00e0 pandemia da Covid-19.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO professor n\u00e3o est\u00e1 dentro da escola, mas \u00e9 obrigado a enfrentar situa\u00e7\u00f5es novas, como as aulas virtuais e a preocupa\u00e7\u00e3o com o processo de aprendizagem dos alunos. E nenhum professor se preparou para isso. Mesmo que n\u00e3o estejam expostos a ru\u00eddos no ambiente de trabalho, possivelmente enfrentam sobrecarga de tarefas. Daqui a algum tempo, as pesquisas v\u00e3o apresentar os efeitos desse contexto de aulas virtuais\u201d, diz.<\/p>\n\n\n\n

(Fonte: Revista Cipa)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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